A Carta
Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros, por favor
Nas frases desta carta
que é uma prova de afeição
Talvez tu não a leias, mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de meu bem
Porém o que me importa
é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém...
(Música de Erasmo Carlos)
Oi gente! Voltando hoje ao tema/tag Retrô/vintage com as cartas antigas, aquelas escritas à mão com letras e palavras desenhadas: caligrafia perfeita. É certo que hoje com o e-mail e mensagens instantâneas temos uma comunicação mais rápida, mas cá pra nós escrever uma carta era um esmero, além da letra bonita, o papel era especial e até perfumado... A pessoa colocava seus sentimentos ali... Já pensou escrever uma carta de amor e esperar ansiosamente pela resposta? Ficar de olho no carteiro e abrir a carta com as mãos tremendo de ansiedade...! E isso poderia demorar semanas! Escrever uma carta hoje em dia é realmente uma coisa especial.
Até pouco tempo atrás eu me correspondia com uma amiga blogueira que deixou de blogar, ela fazia parte de um grupo cujos membros se encontravam de vez em quando em algum lugar do país e que se correspondiam com cartas mantendo a tradição antiga. Lembro que eu tentava caprichar na letra e no papel de carta! Ah... era cada um lindo! Hoje é difícil encontrar nas papelarias, mas na net você encontra... e sim, eu tenho uma pasta no Pinterest só de papel de carta!! Isso ainda vai ser tema de outro post!
Estava pesquisando na net sobre este tema e encontrei um grupo de troca de correspondência, estou pensando seriamente em participar. Caso você também esteja, clique aqui: O envelope de papel.
E aqui está o conteúdo de uma carta antiga:
Então tu pensas que há muitos casais como nós por esse mundo? Os nossos mimos, a nossa intimidade, as nossas carícias são só nossas; no nosso amor não há cansaços, não há fastios, meu pequenito adorado! Como o meu desequilibrado e inconstante coração d’artista se prendeu a ti! Como um raminho de hera que criou raízes e que se agarra cada vez mais. Vim para os teus braços chicoteada pela vida e quando às vezes deito a cabeça no teu peito, passa nos meus olhos, como uma visão de horror, a minha solidão tamanha no meio de tanta gente! A minha imensa solidão de dantes que me pôs frio na alma. Eu era um pequenino inverno que tremia sempre; era como essa roseira que temos na varanda do Castelo que está quase sempre cheia de botões mas que nunca dá rosas! Na vida, agora há só tu e eu, mais ninguém. De mim não sei que mais te dizer: como bem mas durmo mal; falta-me todas as manhãs o primeiro olhar duns lindos olhos claros que são todo o meu bem.
Florbela Espanca, em Correspondência (1921)
💌💌💌💌💌
PS: Minhas férias estão terminando hoje... 😩 e sábado estarei de plantão, então os dias de postagens deste blog ficarão um pouco incertos, blogarei quando der...
Beijos nas bochechas!