Sentir-se em casa é encarar de frente nossa alma, nossos sonhos, nossas angustias, nossos fracassos, dar um mergulho no mais fundo de nós. Não há nada mais íntimo no mundo que nossa casa. Minha casa em última instância sou eu. A palavra certa talvez fosse lar que soa meio piegas, mas nomeá-la não importa, você conhece bem seu sentido. E sabe que não faz a menor diferença se ela for grande ou pequena, simples ou luxuosa, rodeada por jardins ou pendurada no alto de um prédio junto ao trânsito de um viaduto.
Minha casa, isso é o que a torna única, é aquele lugar onde posso ser eu, sem disfarces, e só me mostrar as pessoas queridas; é onde me refugio quando o mundo parece ameaçador ou se me sinto triste, é o ninho que me acolhe e para qual sei que poderei sempre voltar não importa o quanto esteja longe, do outro lado do mundo.
A casa que moramos representa muito do nosso mundo interior. A fachada estaria relacionada a nossa aparência ou máscara, o telhado ou andar superior ao pensamento e ao espírito, os andares inferiores ao inconsciente e aos instintos. A cozinha, local onde se transformam os alimentos, ao lugar onde acontecem nossas mudanças psíquicas e as transformações alquímicas de nossa evolução. Não é a toa que as casas se parecem tanto com quem vive nelas.
Independente de sua riqueza ou simplicidade, há casas que nos passam a sensação de calor ou de frieza, de horizontes largos ou de confinamento, de descontração ou de formalidade, de futilidade ou de valores verdadeiros, de aconchego ou de rejeição. Pode ter certeza: quem mora ali é assim também. Vale mais o que a casa lhe fala ao coração que seu valor no mercado. Há algumas casas que neste mercado tem cotação baixa, pois o mercado não sabe nada daquilo que realmente tem valor, mas que se assemelham a um útero, tamanho seu poder de sedução. (Desconheço o autor)
Faz tempo que tenho este texto guardado, amo este texto, mas nestes tempos de pandemia ele ganhou um novo significado pois fomos obrigados a ficar mais em casa. Cá pra nós eu amo ficar em casa, mas até eu canso se passo tempo demais sem sair. Eu considero meu cantinho um refúgio, onde realmente fico a vontade e onde descanso da realidade ruim do lado de fora. E vocês? Gostam de ficar em casa? Ou não passam um dia sem sair, lembrando aqui os dias anteriores a pandemia? Concordam com o que diz o texto?
Beijos nas bochechas!
Cuidem-se!
PS: O "De Outro Mundo" está com os comentários abertos!