quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um Meme e outras coisinhas...em 23/05

Oi Gente!Atualizando mais cedo pra aproveitar a folga.Hoje estou respondendo um meme que me foi passado pela Smareis,uma amiga blogueira das antigas que voltou a blogar pra alegria geral.O blog dela é 10,viu gente?Sempre gostei de memes,fico sempre feliz por terem lembrado da minha pessoa e do meu humilde blog,por isso,embora com atraso,aqui estão as respostas as perguntas que me foram passadas:
1 - Quando surgiu a ideia de criar o seu blogue?
Nossa...faz um bom tempo que tenho blog. Na verdade foi logo quando surgiu os blogs na internet, era uma febre na época. Não me lembro da data exata, era por volta de 2000/2001.Eu amei a idéia e logo fiz um pra mim no UOL. No começo apanhei bastante até aprender a mexer em tudo, inclusive no HTML do blog pra deixar do jeito que eu queria.
2 - Origem do nome do seu blogue.
Astrologia. Sempre gostei muito de signos, não pra ver previsões de horóscopo, mas pra checar as personalidades das pessoas, é uma maneira de conhecer a nós mesmos,os que nos cercam e convivem conosco. Pois é, como eu sou de Câncer cujo regente é a Lua...daí veio o nome do blog:A Lua e Eu.

3 - Você teve/tem outros blogues além deste?
Tive outros blogs ,fotoblogs, flogs...Experimentei vários “provedores de blogs”. Mas o que mais durou foi o “A Lua e Eu” no UOL que sempre considerei como o blog principal e que depois migrou pra cá, para o blogspot. Sempre que mudo de template, o que eu gosto muito de fazer, digo que o blog está com uma nova “versão”. Acabo de criar mais um blog no Tumblr que se chama “Amei isso". Será que gosto de blogs?

4 - Já pensou desistir alguma vez do seu blogue?
Ah sim, várias vezes. Cheguei a me afastar, entrar em “hiatus”,ficar semanas sem blogar...Mas sempre voltava ao blog!

5 - Mande uma mensagem para os seus seguidores.
Gente, agradeço de coração pelas visitas e comentários que fazem a alegria deste blog. Espero que continuemos juntos neste mundo blogueiro por muito tempo ainda, trocando idéias, textos, carinhos,etc.


Sobre a Blogueira: Ane

1 - Uma música: Só uma?Quase todas de Enya, Sarah brightman, Abba, Adele, Marisa Monte, Roxette, A-ha, Bond, Bruno Mars...
2 - Um livro: Só um?As Crônicas de Nárnia, O Senhor dos Anéis, Harry Potter... Os de Agatha Christie...
3 - Um filme: Os mesmos acima...e muitos outros...principalmente os de suspense.
4- Um hobby: Navegar na Net, ler, ouvir música...
5 - Um medo: De acidentes, de tragédias, de barata, medo que o mundo se acabe!
6 - Uma mania: Limpeza e organização.
7 - Um sonho: Que o mundo seja melhor em todos os aspectos, começando pelo nosso país.
8 - Não consigo viver sem: Saúde, paz,tranquilidade e amor!
9 - Tem coleção de alguma coisa? Tenho, estou colecionando imagens da Net.
10 - Gostaria de fazer alguma pergunta aos próximos participantes?
Vocês gostam de meme? Caso sim, podem levar estas perguntas pra vcs, caso contrário, não se sintam obrigados.


Algumas novidades rápidas:

1-Aqui tá chovendo gente!Vc acha que isso não é novidade?Mas pra nós é!A torcida é que esta abençoada chuva chegue no sertão!
2-Minha sobrinha Pri chega amanhã dos EUA.Foi quase 1 ano lá estudando,minha irmã está contando as horas,os minutos,os segundos...e já tem almoço marcado pra comemorar a volta!
3-Como eu disse acima,fiz um novo blog no Tumblr,que se chama Amei Isso.
Lá vou compartilhar várias coisinhas que acho pela net,principalmente imagens.Se puderem ir lá conhecer,vou adorar! Lá não tem comentários,mas caso vcs queiram deixar um recado pra dizer o que acharam,é só clicar em "ask me anything".Gostei de lá,mas ainda prefiro o blogspot,pra mim é o melhor!

E pra terminar:


Um abraço!!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Terminei mais um livro...em 17/05


Oi gente!Hoje vou dividir com vocês alguns trechos do livro que acabei de ler: Diário de uma Paixão de Nicholas Sparks,um romance maravilhoso que narra a estória de um amor verdadeiro daqueles que fazem a vida valer a pena e que duram pra sempre,mesmo.

"A minha vida?Não é fácil explicar.Nunca foi um deslumbrante mar de rosas que eu imaginava que seria,mas também não comi o pão que o diabo amassou...razoavelmente estável,com mais altas do que baixas,e tendendo a subir gradualmente com o tempo.Sou um homem comum,com pensamentos comuns, e vivi uma vida comum.Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome,em breve,será esquecido,mas amei uma pessoa com toda minha alma e coração e, para mim,isso sempre bastou."

"Sempre acreditei com firmeza e convicção em Deus e no poder da oração,ainda que,pra ser honesto,minha fé tenha suscitado uma lista de perguntas que,definitivamente,só quero que sejam respondidas depois que eu já tiver partido."

"É a possibilidade que me faz continuar,não a certeza,uma espécie de aposta de minha parte.E embora você possa me chamar de sonhador,de tolo ou de qualquer outra coisa,acredito que tudo é possível.Sei que as probalidades e a ciência estão contra mim.Mas a ciência não é a única resposta;disso eu sei e aprendi ao longo da vida.E isso me faz acreditar que os milagres,por mais inexplicáveis ou inacreditáveis que sejam,são reais e podem acontecer sem levar em consideração a ordem natural das coisas."

"...Aprendi o que para uma criança é óbvio.Que a vida é simplesmente uma coleção de pequenas vidas,cada uma vivida um dia de cada vez.Aprendi que devemos viver cada dia encontrando beleza nas flores e na poesia e conversando com os bichos.Que não há nada melhor que um dia com sonhos,por do sol e brisas refrescantes...."

"Ficamos sentados em silêncio,contemplando o mundo a nossa volta.Levamos uma vida inteira para aprender isso.Parece que somente os velhos conseguem ficar sentados desse jeito,um ao lado do outro sem nada dizer,e ainda assim se sentirem contentes.Os jovens,irrequietos e impacientes,têm sempre de quebrar o silêncio.É um desperdício,porque o silêncio é puro.O silêncio é sagrado.Ele aproxima as pessoas,porque só quem se sente confortável ao lado de outra pessoa pode ficar sentado sem falar.Esse é o grande paradoxo."

"Olhando para trás,fico surpreso pela minha paixão pela poesia,e agora,às vezes,chego a quase me arrepender.A poesia traz grande beleza à vida,mas também uma grande tristeza,e não sei ao certo se é uma troca justa para alguém de minha idade.Se puder,um homem deve desfrutar de outras coisas;deve passar seus últimos dias ao sol.Os meus vou passar debaixo de uma lâmpada de leitura."

"A razão pela qual dói tanto nos separarmos é porque as nossas almas estão ligadas.Talvez,sempre tenham sido assim e para sempre serão.Talvez,tenhamos vivido mil vidas antes desta,e em todas elas tenhamos nos encontrado.E talvez em cada uma delas tenhamos sido obrigados a nos separar pelos mesmos motivos.Isso significa que esta despedida é, ao mesmo tempo, um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá."

...

Super recomendado!Ah sim!Mudei a música do blog!Se vc não usa o Windows talvez não consiga ouvir:Marisa Monte-O que vc quer saber de verdade.Quase sempre a música não tem nada a ver com o post,está no blog porque eu gostei dela,mas desta vez "bateu" os assuntos...

Beijos e um abraço!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mais um post cute... em 11/05

Gente,olha quanta fofura!

Olha como sou lindo!

Duas fofuras juntas!

Em homenagem ao dia das mães!

Será que esta fofura consegue se levantar?

Eles passam na faixa!

Durma gatinho...

Precisa dizer mais alguma coisa?

Beijos e Feliz dia das Mães a todos!!

PS: Imagens retiradas da Net.

sábado, 5 de maio de 2012

Pinterest + Os Vingadores em 05/05


Oi Gente!Hoje o post será diferente dos ultimos já postados.Vou falar sôbre duas novidades que gostei bastante e que por isso mesmo recomendo pra vocês.A primeira é uma rede social chamada Pinterest que já é a terceira mais acessada nos EUA.A idéia central desta rede é compartilhar imagens.Eu já tinha entrado antes numa rede baseada em moda,o By MK que agora é Fashion.me onde fazíamos "looks".Acho que como nunca fui muito ligada em moda,acabei abandonando esta rede.Já o Pinterest com uma seleção de imagens mais belas que já vi na net,tudo lá pra vc compartilhar ou postar (pin),agrupar em "boards" tipo:casa sonho,jardim,pets,humor,etc, é um prato cheio pra mim que adoro ver lindas imagens.Vc pode seguir pessoas com os mesmos gostos ou interesses e elas podem te seguir. Por exemplo, você pode criar um “Board” com inspirações de decoração para a sua casa e “pendurar” ali tudo o que você tiver encontrado e que possa ser utilizado posteriormente. Existem infinitas possibilidades de tipos de murais que você pode fazer, com finalidades práticas (servir de referência futura, por exemplo) ou apenas por diversão (imagens engraçadas, fotos de atores e atrizes etc.).A página do site fica tipo um mosaico de imagens:


O site segue aquela linha de que um amigo que já é membro te convida pra entrar,mas você mesmo pode pedir pra entrar deixando seu e-mail no site,aí eles te mandam um link e você já acessa como um novo membro.Veja mais em TecMundo.
Vale a pena conferir!


Minha segunda novidade boa é um filme!Os Vingadores!É um filme de herois sim,e nem digam que já sou crescidinha pra este tipo de filme,porque pra certas coisas eu sou mesmo um eterna criança.(risos)Simplesmente adorei!Olha o que pesquei na net sôbre o filme:
Cinéfilos e fãs dos quadrinhos esperaram, pacientemente durante décadas, para que o cinema tivesse condições técnicas para botar na tela os super heróis em seu esplendor, capazes de voar, soltar poderes mágicos e protagonizar embates só possíveis nos desenhos animados ou nas histórias em quadrinhos. Depois da tentativa frustrada de colocar Os Vingadores no cinema com um obscuro filme dos ano 80, parece que a Marvel acertou a mão, lançando filmes solos dos heróis para enfim soltar esse petardo que será Os Vingadores.
E pra completar ainda limpei a vista com este colírio que é australiano mais parece mesmo o deus nórdico que ele faz o papel(Thor):

Uia!
É mesmo imperdível viu?
Um beijo e fui!!!

sábado, 28 de abril de 2012

Não se compare pra não ser infeliz...em 28/04

A IMPORTÂNCIA DE SER VOCÊ MESMO!
Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o Samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então disse ao Mestre:
- "Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?"
O Mestre falou:
- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."
Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o Samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o Samurai perguntou novamente:
- "Agora o senhor pode me responder por que me sinto inferior?"
O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse:
- "Olhe para estas duas árvores: a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior: 'Por que me sinto inferior diante de você?' Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."
O Samurai então argumentou:
- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."
E o Mestre replicou:
- "Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único.
Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida!"
(Autor desconhecido)


Mais um texto pra gente pensar neste feriadão.Lição de vida:todos nós temos um função neste mundo,dos maiores aos menores,todos são necessários e pronto.Não se compare,porque isso só trás infelicidade,temos que valorizar o que temos e somos,certo? Feriadão? Pra mim não,trabalho segunda,mas sem drama.Por aqui tudo no maior calor.Leti,apesar de todos os problemas,tá bem, levando aquela vida de gato,comer e dormir!(risos)Lá no trabalho nada aconteceu de concreto ainda,estamos aguardando.E a vida segue...
Se puderem ajudar cliquem pra assinar esta petição:

 :

Recebi selinhos e awards!Obrigada!Eles estão nos Mimos 2012 aqui do lado.Beijos e até o próximo post!




sábado, 21 de abril de 2012

Perdoar é sublime!Em 21/04


A CAMISA BRANCA E O CARVÃO
O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.
Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado:
- Pai estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim para ele.
Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta, calmamente, o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado.
Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.
O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo.
Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:
- Filho como está se sentindo agora?
- Estou cansado mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.
Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.
O pai, então, lhe diz ternamente:
- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você. O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.
Mateus 18:21-22 "Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos."
No nosso dia a dia, ficamos muitas vezes irados com as pessoas que nos ferem, e o rancor humano faz com que tenhamos raiva ou ódio de nossos semelhantes que pecaram contra nós, mas como este pequeno conto tão bem ilustra, o ódio traz mais conseqüências e marcas em quem odeia do que em quem é odiado, ouse perdoar a quem te machucou, ouse perdoar a seu semelhante, mesmo que ele não mereça, no final quem sairá ganhando com certeza será você...
(Autor Desconhecido)

Perdoar é sublime!A gente se livra do rancor e da mágoa que só vai nos causar mal.Mas digo a vcs,até porque já passei por isso,não é fácil perdoar.E dói mais ainda quando quem te fere é justamente aquela pessoa que vc gosta.Mas vale a pena o esforço,com certeza!

Por aqui tudo em paz.Feriado estranho esse,num sábado,né?
Beijos e Tchau!

domingo, 15 de abril de 2012

Plante um jardim! 15/04


JARDIM
Um amigo me disse que o poeta Mallarmé tinha o sonho de escrever um poema de uma palavra só. Ele buscava uma única palavra que contivesse o mundo. T.S. Eliot no seu poema O Rochedo tem um verso que diz que temos "conhecimento de palavras e ignorância da Palavra". A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria.
Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim. Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir. Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho. Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma... Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer: pássaros sem asas... São como as canções, que nada são até que alguém as cante; como as sementes, dentro dos pacotinhos, à espera de alguém que as liberte e as plante na terra. Os sonhos viviam dentro de mim. Eram posse minha. Mas a terra não me pertencia.
O terreno ficava ao lado da minha casa, apertada, sem espaço, entre muros. Era baldio, cheio de lixo, mato, espinhos, garrafas quebradas, latas enferrujadas, lugar onde moravam assustadoras ratazanas que, vez por outra, nos visitavam. Quando o sonho apertava eu encostava a escada no muro e ficava espiando.
Eu não acreditava que meu sonho pudesse ser realizado. E até andei procurando uma outra casa para onde me mudar, pois constava que outros tinham planos diferentes para aquele terreno onde viviam os meus sonhos. E se o sonho dos outros se realizasse, eu ficaria como pássaro engaiolado, espremido entre dois muros, condenado à infelicidade.
Mas um dia o inesperado aconteceu. O terreno ficou meu. O meu sonho fez amor com a terra e o jardim nasceu.
Não chamei paisagista. Paisagistas são especialistas em jardins bonitos. Mas não era isto que eu queria. Queria um jardim que falasse. Pois você não sabe que os jardins falam? Quem diz isto é o Guimarães Rosa: "São muitos e milhões de jardins, e todos os jardins se falam. Os pássaros dos ventos do céu - constantes trazem recados. Você ainda não sabe. Sempre à beira do mais belo. Este é o Jardim da Evanira. Pode haver, no mesmo agora, outro, um grande jardim com meninas. Onde uma Meninazinha, banguelinha, brinca de se fazer Fada... Um dia você terá saudades... Vocês, então, saberão..." É preciso ter saudades para saber. Somente quem tem saudades entende os recados dos jardins. Não chamei um paisagista porque, por competente que fosse, ele não podia ouvir os recados que eu ouvia. As saudades dele não eram as saudades minhas. Até que ele poderia fazer um jardim mais bonito que o meu. Paisagistas são especialistas em estética: tomam as cores e as formas e constróem cenários com as plantas no espaço exterior. A natureza revela então a sua exuberância num desperdício que transborda em variações que não se esgotam nunca, em perfumes que penetram o corpo por canais invisíveis, em ruídos de fontes ou folhas... O jardim é um agrado no corpo. Nele a natureza se revela amante... E como é bom!
Mas não era bem isto que eu queria. Queria o jardim dos meus sonhos, aquele que existia dentro de mim como saudade. O que eu buscava não era a estética dos espaços de fora; era a poética dos espaços de dentro. Eu queria fazer ressuscitar o encanto de jardins passados, de felicidades perdidas, de alegrias já idas. Em busca do tempo perdido... Uma pessoa, comentando este meu jeito de ser, escreveu: "Coitado do Rubem! Ficou melancólico. Dele não mais se pode esperar coisa alguma..." Não entendeu. Pois melancolia é justamente o oposto: ficar chorando as alegrias perdidas, num luto permanente, sem a esperança de que elas possam ser de novo criadas. Aceitar como palavra final o veredicto da realidade, do terreno baldio, do deserto. Saudade é a dor que se sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade. Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade. Entendem agora por que um paisagista seria inútil? Para fazer o meu jardim ele teria que ser capaz de sonhar os meus sonhos...
Sonho com um jardim. Todos sonham com um jardim. Em cada corpo, um Paraíso que espera... Nada me horroriza mais que os filmes de ficção científica onde a vida acontece em meio aos metais, à eletrônica, nas naves espaciais que navegam pelos espaços siderais vazios... E fico a me perguntar sobre a perturbação que levou aqueles homens a abandonar as florestas, as fontes, os campos, as praias, as montanhas... Com certeza um demônio qualquer fez com que se esquecessem dos sonhos fundamentais da humanidade. Com certeza seu mundo interior ficou também metálico, eletrônico, sideral e vazio... E com isto, a esperança do Paraíso se perdeu. Pois, como o disse o místico medieval Angelus Silésius:

Se, no teu centro
um Paraíso não puderes encontrar,
não existe chance alguma de, algum dia,
nele entrar.
....
(Rubem Alves)


Mais um texto deste autor que já virei fã!Eu sinto falta de um jardim,já que moro em um apê fica difícil,mas não impossível,minha varanda é cheia de plantas e ainda tem planta na área de serviço.Por mim eu teria um imenso e bem cuidado jardim...Viram que boa idéia nesta foto aqui em cima?Usar pneus velhos como jarros de plantas!
Beijos e boa semana!


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Leia Livros! 09/04

Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!

(Clarice Pacheco)

 A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.(Carlos Drummond de Andrade)

Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.¨(Bill Gates)
   A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.(André Maurois)
   Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro.(Henry Thoreau)
 Dupla delícia/ O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.(Mário Quintana)
Aquele que tem por vício a leitura, droga alucinógena das mais leves, acabará cada vez mais dependente dela. E o pior, passará para drogas mais pesadas, como a escrita. Nesta fase crítica, o leitor, agora escritor, tende a fugir regularmente da realidade e ter devaneios de que, assim como Deus, é criador de Universos inteiros.(Jefferson Luiz Maleski)
Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. (…) Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: (…) a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.”(Martha Medeiros)
   " Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam pegados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, estão alí é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é que importa"(José Saramago)
 A leitura nos torna um pensador e criador de possibilidades, desenvolvendo em nós o senso analítico e crítico.(Margarida DeNavarro)
   Cada leitor pode se tornar um co-autor, interpretando, recontando a leitura, sob seu ponto de vista, fazendo com que os livros tenham seu próprio destino. Não há, portanto, história que não possa ser contada de diferentes formas, sob a ótica e o ponto de vista do seu interlocutor.(Inajá Martins de Almeida)

 Eu adoro ler!Pena que não tenho tanto tempo pra isso,mas estou lendo bem mais hoje do que há 10 anos atrás.Ler,além de um exercício mental,é uma diversão,é experimentar outras realidades sem sair do lugar.Livro eletrônico?Nunca experimentei ler assim,mas acho que ainda prefiro o livro normal.Leia vc também!Em tempo...dia 23 de abril é o dia mundial do livro.Há uma rede social baseada em leitores de livros é o Skoob!

Por aqui tudo em paz graças a Deus!
Beijos e boa semana!

sábado, 31 de março de 2012

Escolhas...em 31/03


“Se você pensa que pode, você pode. Se pensa que não pode, tem razão.”
Você pode curtir ser quem você é, do jeito que você for, ou viver infeliz por não ser quem você gostaria de ser.
Você pode olhar com ternura e respeito para si próprio e para as outras pessoas ou com aquele olhar de censura, que poda, pune, fere e mata, sem nenhuma consideração para com os desejos, limites e dificuldades de cada um, inclusive os seus.
Você pode amar e deixar-se amar de maneira incondicional, ou ficar se lamentando pela falta de gente à sua volta.
Você pode ouvir seu coração e viver apaixonadamente ou agir de acordo com o figurino da cabeça, tentando analisar e explicar a vida antes de vivê-la.
Você pode deixar como está para ver como é que fica ou com paciência e trabalho conseguir realizar as mudanças necessárias na sua vida e no mundo à sua volta.
Você pode deixar que o medo de perder paralise seus planos ou partir para a ação com o pouco que tem e muita vontade de ganhar.
Você pode amaldiçoar sua sorte ou encarar a situação como uma grande oportunidade de crescimento que a vida lhe oferece.
Você pode mentir para si mesmo, achando desculpas e culpados para todas as suas insatisfações ou encarar a verdade de que, no fim das contas, sempre você é quem decide o tipo de vida que quer levar.
Você pode escolher o seu destino e, através de ações concretas caminhar firme em direção a ele, com marchas e contramarchas, avanços e retrocessos, ou continuar acreditando que ele já estava escrito nas estrelas e nada mais lhe resta a fazer senão sofrer.
Você pode viver o presente que a vida lhe dá ou ficar preso a um passado que já acabou – e, portanto não há mais nada a fazer –, ou a um futuro que ainda não veio – e que, portanto não lhe permite fazer nada.
Você pode ficar numa boa, desfrutando o máximo das coisas que você é e possui ou se acabar de tanta ansiedade e desgosto por não ser ou não possuir tudo o que você gostaria.
Você pode engajar-se no mundo, melhorando a si próprio e, por consequência, melhorando tudo que está à sua volta ou esperar que o mundo melhore para que então você possa melhorar.
Você pode continuar escravo da preguiça ou comprometer-se com você mesmo e tomar atitudes necessárias para concretizar o seu plano de vida.
Você pode aprender o que ainda não sabe ou fingir que já sabe tudo e não precisa aprender mais nada.
Você pode ser feliz com a vida como ela é ou passar todo o seu tempo se lamentando pelo que ela não é.
A escolha é sua e o importante é que você sempre tem escolha.
Pondere bastante ao se decidir, pois é você que vai carregar – sozinho e sempre – o peso das escolhas que fizer.

(Encontrei sem autor)

Que nós façamos as melhores escolhas em nossa vida,certo?

Atualizando as novidades:
  • Kazinho foi consertado,era um problema pequeno mas assustou.Aí foi a vez de meu celular dar problema.Ele simplesmente liga mas não inicia,fazem 4 dias que estou sem celular.Pedi um aparelho emprestado hoje porque me prometeram o conserto até segunda...Dificil viver sem celular,né?Mas todo mundo vivia antigamente sem eles...
  • No mais tudo na mesma.Beijos e até a próxima!


domingo, 25 de março de 2012

Janelas... em 25/03

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
Mário Quintana

Um livro é como uma janela.
Quem não o lê, é como alguém que ficou distante da janela
e só pode ver uma pequena parte da paisagem.
Kahlil Gibran
Não nos libertamos de um hábito, atirando-o pela janela;
 é preciso fazê-lo descer a escada, degrau a degrau.
Mark Twain
Janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa.
Alice Ruiz

Se um dia fecharem-lhe as portas da vida, pule a janela.
Augusto Cury
Abrindo outra janela aqui:
As novidades em pequenas frases...
1-Terminei meu tratamento dentário em um dia só,beleza!
2-Não gostei do fim de "Fina estampa",algumas coisas não foram explicadas,vilã não foi punida porque tem money e ninguém sabe,nem nunca vai saber,quem era o amante de Crô...Sei não!
3-Kazão tá com problema de novo,afe carrinho fraquinho...aliás Kazinho,né?Amanhã vou de carona para o trabalho.
4-Eu adorava os personagens de Chico Anísio...

Beijos e boa semana!

terça-feira, 20 de março de 2012

Comemorações...em 20/03


Oi Gente!Não podia deixar passar em branco o nosso dia!O que é ser blogueira?Pra mim é opinar,trocar idéias,compartilhar textos,falar do que me acontece e fazer amigas blogueiras!Vocês lembram quando a febre dos blogs surgiu?Era como o Facebook é hoje,isso já faz mais ou menos 10 anos!É fácil fazer um blog,é simples,rápido e não custa nada.Mas manter um blog por anos,sempre atualizado e sempre visitado,isso é pra poucos.Eu adoro blogar,já fiquei até de madrugada blogando,mudando o template...Por isso tudo,parabéns pra todas nós blogueiras de plantão!

Chegou o Outono!

"Amo tua luz de ouro
Tua atmosfera translúcida
Amo o descolorido das árvores
Amo a paz que irradia na natureza
Amo a ponderação diante das violências climáticas
Amo o outono...que desnuda a alma."
(Encontrei sem autor)

O outono é também a estação das frutas.Mesmo que por aqui a gente não tenha o outono com todas suas características e mesmo que minha estação preferida seja a primavera,eu desejo pra vocês um Feliz Outono!

Boa semana!



sexta-feira, 16 de março de 2012

Rir é o melhor remédio!

Microscópio
Humberto de Campos

     Os salões do desembargador Marcelino Pedreira, à rua São Clemente, achavam-se repletos, como poucas vezes acontecia, naquela noite memorável. Políticos, magistrados, médicos, bacharéis, homens de letras e homens de negócios enchiam os grandes compartimentos do palacete magnífico, de mistura com o que há de mais fino, de mais chic, de mais distinto, nas rodas femininas do Rio. Lauro Müller, Miguel Couto, Pires do Rio, Antônio Azeredo, são silhuetas em evidência. O encanto da reunião está, entretanto, na revoada de moças e senhoras que volteiam pelas salas, e entre as quais se destaca, pela formosura, pela mocidade, pela inocência do olhar e dos modos, Mlle. Júlia Petersen, noiva do Dr. Abelardo Moura e filha única do desembargador Feliciano Mendonça.

De repente, como se um punhado de folhas e flores obedecesse a um redemoinho invisível, faz-se uma roda em torno a uma das mesas da sala de chá. Homens de ciência e damas inteligentes formam o grupo. Elevada, culta, a palestra versa os assuntos mais variados, encantando as senhoras.

Na sala contígua, dança-se. E, entre os pares, o Dr. Abelardo e a noiva. Súbito, parando, põem-se os dois a conversar:

— Que mãos tens tu, Julita! — elogia o noivo, maravilhado, apertando os dedos miúdos, finos, quase infantis, da sua prometida.

— Acha-a pequena? — indaga a moça.

— Microscópica!

— Como?

— Microscópica! — insiste o rapaz.

Intrigada com o vocábulo, que ouvia pela primeira vez, a moça pede licença por um instante, penetra no salão de chá e, com a sua ingenuidade, indaga do Dr. Álvaro Osório:

— Doutor, que significa “microscópico?”

— É um derivado de “microscópio”, Mademoiselle! — explica o ilustre fisiologista.

— E que é “microscópio”? — torna a menina, franzindo a testa morena, que os olhos iluminam.

O Dr. Álvaro medita um momento, e, para não perder tempo, explica:

— É um aparelho que faz as coisas crescerem. Compreende?

A menina sorri, agradecida. De repente, porém, pisca os olhos, franze mais a testa, e enrubescendo:

— Ahn!...

Morde o dedinho róseo, meio brejeira, meio encabulada:

— Sem vergonha! Agora é que eu compreendo porque é que ele diz que eu tenho a mão microscópica ...

E sai correndo, vermelha, a abraçar-se com o noivo.


Um texto bem leve pra começar a semana...



PS em 18/03:Acabei de mudar de template,eu não me aguentei!Este é simples mas eu gostei justamente por isso.Quem disse que não há beleza na simplicidade?Achei o desenho acima a minha cara!Adoro mudar!



Beijos nas bochechas!

sábado, 10 de março de 2012

Antes só...


A SOLIDÃO AMIGA
(Rubem Alves)

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

(Correio Popular, 30/06/2002)


Oi gente!Eu sei que o texto é meio grande,mas façam um esforço e leiam até o fim,é muito bom!Depois que postei o texto anterior do mesmo autor e que gostei muito,fui procurar mais textos dele,e não é que adorei este também?Concordo plenamente com ele.Sempre citei este ditado:"Antes só que mal acompanhada".Graças a Deus,nunca tive medo da solidão,até porque nunca fui extrovertida,nunca tive facilidade pra fazer amigos,que hoje em dia estão cada vez mais raros,nunca fui de falar pelos cotovelos,nunca saí por aí distribuindo simpatia...Mas aprendi a ser só e passei a gostar disso. E você o que acha?

PS: Tá chovendo por aqui!Depois de tanto calor não há nada melhor!
Beijos e bom fim de semana!




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