domingo, 6 de fevereiro de 2022

Como foi Janeiro/2022


Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém: fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão
Outra parte é estranheza e solidão
Uma parte de mim, pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem...
Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte?
(Ferreira Gullar)


O mês de janeiro sempre me pareceu o maior do ano, por que será? Mas este ano passou mais rápido no fim das contas. Vejamos como foi:

Trabalho: Acabei trabalhando mais, pois com várias pessoas de férias e outras pessoas com COVID ou gripe, os atestados médicos dispararam como nunca. Tive 3 plantões, quando o normal era ter no máximo 2 a cada mês, pois plantão é trabalho extra, fora do meu horário normal durante os dias úteis. Aliado a falta de funcionários, o sistema que usamos não ajudou. Juntando tudo isso foi bem caótico o período, mas no fim do mês as coisas começaram a voltar ao normal.

Eu tive COVID ou gripe? Acho que não. Mas pelo menos em 3 ocasiões cheguei a sentir a garganta um pouco dolorida e tive coriza no nariz. Mas eram sintomas de um dia só, no outro dia não sentia mais nada. Atribuí isso a um resfriado comum ou alergia, pode ter sido devido a mudanças bruscas de temperatura, no caso o sol/quentura de verão na rua e entrar num ambiente mais frio devido a ar condicionado. Mas certeza absoluta não tenho.


Finanças: Como ando gastando muito com a compra do apto, são taxas e mais taxas pra pagar que custam o olhos da cara, andei apertando o cinto. Estou economizando o máximo e cortando supérfluos. Já paguei quase tudo, mas ainda falta o registro do apto no cartório que também é caro. Agora em fevereiro vai terminar esta fase e aí vou receber a chave do apto e começar o processo de mudança, se Deus quiser!


E assim foi! Boa semana!

domingo, 30 de janeiro de 2022

O final do conto




Continuando...

Depois de quatro dias de chegada finalmente tudo ficou em ordem. Naquela tarde Inês desceu até a praia e ficou sentada na areia um bom tempo olhando para o mar. O mar lhe transmitia paz e renovava seu espírito. Voltou pra casa pensando: Não é porque estou aposentada e com uma doença incômoda que vou me entregar! Preciso agir e já! Pegou papel e caneta e escreveu:

1- O que eu posso fazer agora?
2- O que vai precisar de um esforço maior e de mais tempo pra começar?
3- O que não depende só de mim, mas eu posso fazer minha parte?


Respondeu a cada uma desta questões com toda sinceridade. Isso feito, começou a separar roupas, objetos e até móveis que não tinham mais tanta serventia. Colocou tudo no último quarto da casa para doação. No dia seguinte foi até a cidade vizinha, cujo comércio era maior que o de Paraíso. Comprou telas, tintas, material de jardinagem, sementes, vasos... No mesmo dia começou a plantar um jardim na frente de casa e uma horta no quintal. Inês tinha um curso de pintura que nunca tinha posto em prática, era agora ou nunca, começou a pintar flores, frutas, paisagens.


No domingo seguinte na igreja, tomou conhecimento de um grupo de jovens e senhoras que recebiam doações e compravam cestas básicas para os mais necessitados. Nem pensou duas vezes e entrou para o grupo. Seu entusiasmo era tão grande que contagiou a família. A irmã, Inamar, que era costureira, passou a costurar para o grupo da igreja, reformava roupas ou fazia peças simples mas de boa qualidade. Abriu um ateliê e era tão caprichosa que em pouco tempo as senhoras mais chiques da cidade já frequentavam seu ateliê. O marido adorou a renda extra. Já Inês ajudada por Liliane, levou seus quadros pra vender nas feiras de artesanato da cidade grande. No começo foi difícil, mas aos poucos ela começou a perceber quais pinturas eram as preferidas das pessoas e então passou a vender cada vez mais. O grupo da igreja cresceu também, virou uma ONG e tinha a participação de vários profissionais voluntários. O trabalho conjunto já estava mudando a cara de Paraíso e a cidade estava cada vez mais parecida com um Paraíso de verdade.


Uma noite, cansada porém feliz, Inês chegou em casa e pensou com seus botões: só falta uma coisa agora! Foi até o guarda-roupa e lá pegou uma caixa de madeira pintada a mão. Do fundo da caixa, retirou uma fotografia amarelada que mostrava um rapaz louro de olhos esverdeados e muito sorridente, que vestia uma roupa de marinheiro. Atrás da fotografia uma dedicatória:

Para Inês

Seu olhar me desconcerta, penetrante, inquietante

O prazer em mim desperta, inquietante, deslumbrante

Ter você sob as cobertas, deslumbrante, fascinante...

O fascínio do seu corpo, me perco em suas curvas

Você é minha perdição...

Seu pra sempre...

Mateus

Aquela lembrança fazia o coração de Inês pular no peito. De onde Mateus copiara aquelas palavras ela não sabia, mas o objetivo delas acertara em cheio seu coração. Mateus era o único namorado que ela nunca esquecera. Não custava nada tentar. Tinha o endereço da empresa de pesca onde Mateus trabalhava. Escreveu uma carta contando sobre sua vida e no final a pergunta: ainda há chance pra nós dois? Passaram-se três meses e nenhuma resposta. Inês não esmoreceu, escreveu outra carta e depois mais outra, até que estava mandando uma carta por semana. Uma tarde finalmente chegou a resposta. Mateus explicava na carta que não trabalhava mais naquela empresa e que por acaso um ex-colega de lá lhe falara das cartas. Ele dizia ter lido cada uma com atenção e muita alegria: - Bom saber notícias suas, pequena - dizia - vou tirar umas férias acumuladas e vou até aí te visitar! Inês pulou da cadeira: - Não posso acreditar, ele vem pra cá!


De fato, quase dois meses depois Mateus chega a Paraíso. Estava diferente do rapaz da foto, tanta coisa acontecera desde então, mas lá no fundo ainda era o mesmo Mateus. Olhou Inês de cima a baixo:

- E você pequena, não está nada mal, continua cheia de curvas em?

E Inês piscando um olho: - E vc continua o mesmo safado de sempre em?

Riram muito e conversaram mais ainda. Mateus se casara, mas agora estava divorciado, trouxera até o documento pra provar.

- Tenho dois filhos - disse ele - e depois do fim de meu casamento jurei nunca mais me amarrar em mulher alguma. Mas com você é diferente, você vale o risco de tentar de novo.

Inês quase chorando de felicidade disse: - A gente se entende muito bem Mateus, em todos os aspectos da vida - piscou o olho de novo e Mateus sorriu de orelha a orelha - temos sorte, pois muita gente procura isso a vida inteira e não acha. Não vamos desperdiçar a nossa sorte!

A conversa terminou com um longo beijo.

FIM


E agora me digam o que acharam do final do conto. Só quero ressaltar uma coisa: não necessariamente pra ser feliz você precisa de um homem do lado... mas pra Inês isso foi importante, no fim das contas cada um faz suas escolhas na vida. E sim, se você puder ajude os outros, sendo voluntário ou fazendo doações. Uma boa semana!






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